The present incursion into Celso Cunha’s work highlights any tensions that he succeeds in establishing and conciliating in his linguistic-philological works. The incursion follows a notion that, with no conformity or nationalism, emerges from Cunha’s proposal according to which the prominence of “cultured norm” smoothly coexists with the prominence of spoken language. This coexistence is equated in a proposal of action at school level that provides the students constructive experiences toward the apprehension of the “prestigious dialect”, without being required from them the abandonment of the vernacular (and safeguarded the attention toward register adequacy). In this direction, this paper highlights, at its crux, the proposal that the work with grammar at school level should be conducted by the notion that a language is “one in diversity”, given that, scientifically, any natural language is “one”, nevertheless in the necessary plurality of uses (of modes of expression). In Cunha’s perspective, inside this building of conciliated tensions, we all are “tenants of the language”; and given the tasks he suggests for working with the language, it is safe to understand that we ought to be natural “keepers” of this common patrimony.
Esta incursão na obra de Celso Cunha destaca tensões que o autor logra estabelecer e conciliar em suas obras linguístico-filológicas, movendo-se em uma noção que, sem conformismo e sem nacionalismo, decorre de sua proposta de que o destaque da “norma culta” (das “finuras e sutilezas” da língua) convive tranquilamente com o destaque da preeminência da língua falada. Fica equacionada essa convivência – singular, para o panorama da época – na proposta de uma ação escolar que ofereça ao aluno experiências “edificadoras” para a apreensão do “dialeto prestigioso”, sem lhe pedir o abandono do vernáculo (e salvaguardada a atenção à adequação de registro). Nessa direção, o que este artigo ressalta, na sua espinha dorsal, é a proposta de que o trabalho escolar com a gramática se conduza exatamente pela noção de que uma língua é necessariamente “una na diversidade”, dado que, cientificamente, qualquer língua natural tem como estatuto, rigidamente, ser “una”, entretanto na necessária pluralidade dos usos (modos de expressão). Decorre, dentro desse edifício de tensões conciliadas, que, para Celso Cunha, todos somos “condôminos do idioma”; e dadas as incumbências sugeridas por ele para o trabalho com a língua, entende-se que temos de ser naturais zeladores desse patrimônio comum.