Resumen:
Desigualdade e pobreza são significantes que adquiriram centralidade na bibliografia ligada às Ciências Sociais e nos documentos públicos. Eles têm povoado a linguagem do senso comum, os meios de comunicação de massa e as discussões acadêmicas há vários anos. A importância que esses significantes ganharam não é questão de mera especulação teórica, já que seu uso, por parte de comunicadores, teóricos sociais e funcionários de governo, exerce efeitos sobre as políticas sociais e os sujeitos individuais e coletivos. O objetivo deste texto é analisar algumas transformações discursivas que, da teoria social a documentos dos organismos internacionais, há vários anos naturalizaram esses significantes, apresentando-os como parte da estrutura ontológica do ser humano. Concentro-me principalmente nos documentos produzidos por um dos organismos internacionais de mais prestígio, o Banco Mundial (BM), instituição que leva adiante uma estratégia discursiva sobre a pobreza que guarda correlações com argumentos de ilustres filósofos e teóricos sociais, assim como com estratégias políticas aplicadas efetivamente a partir dos Estados e, em alguns casos, exigidas pela sociedade civil.