Resumen:
Este trabalho destina-se a analisar as práticas governamentais situadas em contexto de mudança de época, quando a produção de pobreza e as populações segregadas já não sofrem intervenções como outrora pelas diversas instituições apontadas como eixo das práticas disciplinares (Foucault, 2000). Propõe-se assim a identificar conteúdos nas determinações dessa nova regulamentação social em seus múltiplos aspectos, que resultam sistêmicos e que podem se singularizar temporal e regionalmente, tentando descobrir relações específicas entre a constituição da força de trabalho e as condições de vida. O enunciado e a descoberta das ditas regulamentações apresentam-se, destarte como canais de interrogação. Por um lado, esses eixos de interrogação podem remeter à análise das composições setoriais e à distribuição dos recursos na sociedade (Cimadamore, 2005), assim como à detecção de seus responsáveis sociais: os perpetradores (Alvarez Leguizamón, 2005, p. 22). Por outro lado e complementarmente, poderia se problematizar, como o faremos aqui, sobre as questões do método, ou seja, acerca da ordem na reprodução e ampliação das brechas da desigualdade, do desemprego e da pobreza. O método, então, não se apresenta em primeiro plano, pois se refere, nesse contexto discursivo, às práticas, processos de trabalho, paradigmas e pensamentos sociais que, de forma articulada institucionalmente, incidem nos processos de exclusão sociolaboral e proporcionam-lhes um revestimento de processos naturais.