A experiência humana de abandonar a Terra para explorar o espaço sideral implicou em retornos que impactaram a forma das contemporâneas sociedades se organizarem, alterando inclusive o modo como estas sociedades compreendem o seu planeta natal. Neste trabalho, procuramos analisar os efeitos decorrentes do acontecimento sideral para a configuração dos dispositivos de poder nas chamadas sociedades de controle, dando continuidade à sugestão analítica proposta pelo filósofo Gilles Deleuze sobre o atual agenciamento social. Entre estes efeitos destacamos, primeiramente, a contribuição da exploração espacial para a emergência do corpo-planeta, no momento em que a Terra surge como um novo corpo a ser recoberto por investimentos políticos. Em segundo lugar, chamamos a atenção para o processo de governamentalização do planeta, acelerado graças à disponibilidade de tecnologias espaciais empregadas em larga escala para o monitoramento e a gestão dos fluxos planetários.