De algum tempo para cá, num contexto assinalado pela crise do pensamento de esquerda e pelo aparecimento dos chamados “novos movimentos sociais”, começou a tomar forma um discurso sobre o que tem sido designado como “novas identidades”. Dois traços podem ser destacados na caracterização desse novo fenômeno: a perda de importância do trabalho enquanto elemento conferidor dessa identidade de tipo novo e a positividade per se dos novos sujeitos por ela abrangidos: mulheres, negros, homossexuais, moradores de rua etc., que passam a ser considerados em sua singularidade e não mais como o subproduto de processos a eles exteriores. O artigo critica o discurso existente em torno dessas “novas identidades” por considerar que ele comete o equivoco de ver autonomia onde muitas vezes existe simplesmente determinação. The discourse distinguished as “new identities” is taking shape within the context of the leftist ideology crisis and the rising of the so-called "new social movements". Two of its main traits are pointed out in this article: the dismissal of labour as a crucial factor for determining a new identity and the substantive reality of the new actors that the notion of new identity comprises, i.e., women, black people, homosexual, street dwellers etc., being regarded according to their singularity, no more as an epiphenomenon. This article criticizes the “new identities” discourse by considering that it places autonomy where often there is nothing but determination.