subdimensionando aspectos existenciais e espirituais do processo. Baseando-se na visão integral transpessoal de Ken Wilber, o objetivo central foi compreender a maneira como pais, mães e profissionais da assistência ao parto significam espiritualidade, em três cenários contemporâneos, com vistas a vislumbrar neste evento um processo formativo do humano, e assim defender a tese de que uma visão integral do parto e da espiritualidade pode contribuir para ampliar os processos de humanização e crescimento pessoal no ciclo gravídico-puerperal. Foi realizada pesquisa bibliográfica utilizando os descritores “espiritualidade” e “parto”; desenho paralelo-convergente de métodos mistos, mediante estudo de caso, com análise lexical via software Iramuteq (v. 0.7 alpha 2), e levantamento estatístico, com auxílio do Statistica (v. 8.0). Também, duas escalas psicométricas foram adaptadas ao Brasil: o Inventário de Expressões de Espiritualidade Revisado (ESI-R) e a Escala dos Esquemas Religiosos (RSS). No geral, as escalas demonstraram propriedades psicométricas satisfatórias, especialmente o ESI-R-Br. Quanto à pesquisa bibliográfica, os trabalhos centraram-se em metodologias interpretativas, em razão possivelmente da necessidade de questionar o modelo hegemônico de assistência ao parto; os sentidos mais frequentes do espiritual foram: nível mais elevado em qualquer linha de desenvolvimento, e uma atitude especial, como o cuidado, talvez pelo viés das profissões de saúde. Quanto aos sentidos de espiritualidade, a partir dos métodos mistos, emergiram discursos considerando o espiritual presente em todos os cenários, porém pareceram adquirir contorno mais experiencial entre os participantes do cenário domiciliar, enquanto no contexto hospitalar, o espiritual pareceu assumir um caráter mais religioso. Pais e mães pareceram compatibilizar mais as noções de fé e razão, enquanto profissionais pareceram colocá-las em planos conceituais distintos. Preparo espiritual é característico do contexto domiciliar, onde se costuma olhar o ser multidimensionalmente, enquanto no cenário hospitalar, o foco parece mesmo recair sobre a dimensão física, dada a visão predominante do humano enquanto corpo-máquina. Os aspectos de crescimento pessoal: “consciência corporal” e “compromisso com a melhoria de todos os seres” mostraram-se mais presentes entre participantes dos partos sem intervenções, possivelmente porque neles a mulher pôde desempenhar um papel mais ativo no processo. A satisfação autopercebida também se apresentou mais frequentemente dentre participantes envolvidos nos partos menos interventivos. Uma educação integral para o parto, considerando espiritualidade, mostrou-se justificada, representando contribuição ao Movimento pela humanização do parto e nascimento, e aos educadores do humano em tenra idade. Limitações principais da pesquisa ligam-se ao uso de amostras de conveniência.
CAPES
Existe um número crescente de evidências, apontando que o desenvolvimento e a formação humana iniciam antes mesmo do nascimento biológico. O período perinatal é particularmente sensível, pois nele acontece a transição do bebê do útero ao mundo exterior, além de representar poderoso rito de passagem, aos adultos envolvidos no processo. Reconhece-se culturalmente que o nascimento humano é um acontecimento sagrado, assim, a maneira como se nasce importa sobremaneira à Educação, enquanto um processo formativo integral. A literatura sobre humanização do parto, ao destacar a autonomia da mulher para realizar escolhas quanto ao parto, parece colocar excessiva ênfase na dimensão cognitiva, There is a growing body of evidence, pointing out that human development and formation begin even before biological birth. The perinatal period is particularly sensitive, considering transition of the baby from the uterus to the outside world, and yet to represent a powerful rite of passage for the adults involved in the process. Culturally it is recognized that human birth is a sacred event, thus, the way one is born is important to Education as an integral formative process. The literature on the humanization of childbirth, emphasizing the autonomy of women to make choices about childbirth, seems to place excessive emphasis on the cognitive dimension, underestimating the existential and spiritual aspects of the process. Based on Ken Wilber's integral transpersonal vision, the central goal was to understand how fathers, mothers and birth caregivers signify spirituality in three contemporary settings in order to envision a human formative process in that event, and thereby defend the thesis that an integral vision of childbirth and spirituality can contribute to broaden the processes of humanization and personal growth during pregnancypuerperal cycle. It was performed bibliographical research using the descriptors "spirituality” and “childbirth"; parallel-convergent design of mixed methods, through a case study, with lexical analysis via Iramuteq software (v. 0.7 alpha 2), and statistical analysis with the help of Statistica (v. 8.0). Also, two psychometric scales were adapted to Brazil: the Expressions of Spirituality Inventory Revised (ESI-R) and the Religious Schema Scale (RSS). In general, the scales showed satisfactory psychometric properties, especially ESI-R-Br. As for bibliographical research, the rescued works focused on interpretative methodologies, possibly due to the need for questioning hegemonic model of childbirth care; the most frequent meanings of the spiritual were: highest level in any line of development, and a special attitude, such as care, perhaps by the bias of the health professions. As for the meanings of spirituality from the mixed methods, discourses considering the spiritual were present in all scenarios, but seemed to acquire a more experiential contour among the participants of the home setting, while in the hospital context, the spiritual seemed to assume a more religious character. Fathers and mothers seemed to reconcile the notions of faith and reason more closely, while professionals seemed to place them in different conceptual planes. Spiritual preparation is characteristic of the home context, where it is customary to conceive human being multidimensionally, while in the hospital setting, the focus seems to fall on the physical dimension, given the predominant view of the human as a body-machine. The aspects of personal growth: "body awareness" and "commitment to the improvement of all beings" were more present among parturients without interventions, possibly because women could play a more active role in the process. Self-perceived satisfaction also occurred more frequently among participants involved in less interventional births. An integral education for childbirth considering spirituality was justified, representing a contribution to the Movement for the humanization of childbirth, and to the educators of people at a very young age. Main limitations of the research are related to the use of convenience samples.