Este artigo discute experiências sexuais e reprodutivas de mulheres jovens da Região Metropolitana do Recife, em busca de indicadores sobre a dinâmica das relações de gênero, em seus aspectos afetivos, sexuais, laborais e econômicos. Os dados foram coletados a partir de três estudos empíricos, realizados de 2008 a 2013, os quais convergem em muitos de seus achados, apesar de se utilizarem de abordagens metodológicas diferenciadas: 1) entrevistas biográficas e observação participante; 2) entrevistas com mulheres que passaram pela gravidez na adolescência e com integrantes de suas redes de convívio; 3) inquérito comportamental.  Os resultados apontam que embora a virgindade seja um importante valor regulador da vida sexual das jovens, a idade de iniciação sexual localiza-se por volta dos 13 anos e o controle sobre as jovens enfraquece o poder de negociação para prevenção e contracepção. O fenômeno da “gravidez na adolescência” ocorreu em diferentes gerações de mulheres. A gravidez significa a passagem para a  adultez, como oportunidade para assumir uma nova posição na qual se conjugam ser mãe e “dona de casa”, mesmo que tenham que abrir mão de alguns sonhos.