Este trabalho busca apreender o espírito da canção “Mulher do fim do mundo” e seu vínculo com a renovação estética das imagens de artistas negras na música popular brasileira. A hipótese é de que a canção interpretada por Elza Soares alimenta – e é alimentada por – um movimento que busca substituir estigmas sociais construídos desde a escravidão por imagens que, de fato, representem a diversidade de identidades que podem ser assumidas por essas mulheres. Essa potência transformadora, anunciada pela canção em análise, aponta três manifestações estéticas que extrapolam o universo da canção popular e ensejam mudanças na maneira como as minorias são encaradas no espaço público brasileiro, a saber, a reivindicação do gesto da altivez, a crítica à potência de morte e a reflexão subjetiva do horror.
Este trabajo busca aprehender el espíritu de la canción “Mujer del fin del mundo” y su vínculo con la renovación estética de imágenes de artistas negras en la música popular brasileña. La hipótesis es que la canción interpretada por Elza Soares alimenta – y es alimentada por – un movimiento que busca sustituir estigmas sociales construidos desde la esclavitud por imágenes que representen claramente las diversas identidades que pueden ser asumidas por esas mujeres. Esa fuerza transformadora que anuncia la canción en análisis apunta tres manifestaciones estéticas que rebasan el universo de la canción popular y dan lugar a cambios en la forma con que las minorías son enfrentadas en el espacio público brasileño: la reivindicación del gesto de la altivez, la crítica a la potencia de la muerte y la reflexión subjetiva del horror.
The purpose of this paper is to capture the spirit of the song “Mulher do fim do mundo” and its relation with the aesthetic renewal of images made by black female artists in Brazilian popular music. The hypothesis is that the song interpreted by Elza Soares feeds – and is fed by – a movement that seeks to replace social stigmas built since the period of slavery by images that effectively represent the diversity of identities that can be embraced by these women. This transformative potential predicted by the song under analysis reveals three aesthetic manifestations that go beyond the universe of the popular song and aspire for changes in the way minorities are viewed in the Brazilian public space, which are the claiming of the gesture of pride, the criticism of the death potential and the subjective reflection of horror.