A política das ações e serviços públicos no Brasil é mediada pelo Estado no contexto dos interesses do sistema do capital. Analisar os desdobramentos territoriais resultantes da política de descentralização é preocupação deste artigo, considerando que tal política produz uma rede de saúde, orientada pelo Banco Mundial que recomenda a inclusão da população menos favorecida no sistema público de saúde ao mesmo tempo em que promove a expansão do setor privado. A análise foi desenvolvida a partir da categoria da totalidade, assim como as determinações e mediações que definem a realidade. Nesta perspectiva, buscou-se o método histórico e processual para percebero movimento da produção de um Estado que muda para permanecer o mesmo e que, ao adotar políticas de descentralização, produz um espaço desigual. Em Sergipe, o ordenamento territorial resultante da municipalização da saúde se baseia na hierarquização e regionalização dos municípios de acordo com a existência e a complexidade tecnológica dos serviços e equipamentos de saúde. Esse ordenamento envolve uma teia de relações entre o público e privado na medida em que o financiamento na saúde pública é reduzido e as tradicionais relações paternalistas têm promovido a mercantilização da doença epermanência da saúde como moeda de troca.