Descripción:
O presente trabalho busca investigar as características da mobilização da história natural pela literatura do açúcar de autoria da sociedade açucareira no Brasil no século XIX. Apropriando-se da história global das ciências, procuramos nos afastar dos autores pertencentes a uma história nacional (“nacionalismo metodológico”) que atribuiu à elite proprietária de terras no Brasil uma mentalidade antirreformas durante um período de quase três séculos de história. Indo na contramão desta interpretação, conseguimos identificar que a transição entre o século XVIII e o XIX presenciou um esforço coletivo para entender cientificamente a cana-de-açúcar e aprimorar a sua produção no Brasil. Através de livros e de memórias por atores como o botânico Frei Veloso, assim como por comerciantes e lavradores, e das suas citações a naturalistas, ponderamos que estas referências simbolizavam o compartilhamento não só das ideias científicas, mas também de visões de mundo, como o conservadorismo e o pragmatismo. Neste ínterim, concluímos que as referências à história natural francesa implicaram não apenas em uma apropriação de dados empíricos pela literatura do açúcar no Brasil, mas também de uma mobilização de aspectos político-sociais.