Objetiva-se, neste texto, a apresentação das dinâmicas da relação estabelecida entre comércio e indústria, na contemporaneidade, destacando as questões teóricas inerentes ao tema e o exemplo empírico do Arranjo Produtivo Local de Franca (SP) especializado na produção de calçados masculinos. Para tanto recorreu-se à pesquisa bibliográfica para embasamento da reflexão teórica, e tomou-se como base para a análise empírica, os dados e informações levantados por Carmo (2012) em órgãos institucionais, como o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), o Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (Sindifranca), bem como por intermédio de entrevistas e questionários aplicados aos proprietários de estabelecimentos comercias e de indústrias locais. Os dados obtidos junto ao IEMI serviram para a análise quantitativa, em nível de APL, enquanto aqueles obtidos por meio de questionários, aplicados a 12 indústrias locais, foram a base da análise qualitativa, em nível de indústria. A análise aí proposta permitiu o entendimento de que as transformações ocorridas no processo produtivo, nas décadas finais do século XX, condicionaram o estreitamento das relações entre a indústria e o comércio, sendo que ambas as atividades são realizadas em dependência mútua e que no APL, em destaque, há pouca relação entre as indústrias e o comércio local, havendo um monopólio das primeiras sobre a comercialização de seus produtos.