Descripción:
Políticas de ação afirmativa têm sido aplicadas para resolver problemas so-ciais e políticos derivados da persistência de padrões sociais de desigualdade e dis-criminação em diversos países. Embora sejam comumente associadas aos EstadosUnidos, as ações afirmativas foram aplicadas pioneiramente pela Índia, durante adécada de 1950, quando a Constituição estabeleceu cotas nas legislaturas, no em-prego público e no ensino superior para asScheduled CasteseScheduled Tribes.O Brasil, por sua vez, começou a adotar cotas na admissão às universidades parapretos, pardos e pobres apenas em 2003. A despeito de suas trajetórias históricasdistintas e das várias diferenças que caracterizam cada sociedade, os argumentoslevantados por acadêmicos contra essas políticas nos dois países são idênticos ouanálogos. Neste artigo, agrupamos esses argumentos em três grupos temáticos, afim de demonstrar que eles podem ser ligados às teses conservadoras identificadaspor Albert Hirschman como as do efeito perverso, da futilidade e da ameaça. Naconclusão, discutimos como esses argumentos, que são apresentados por seusautores como contribuições progressistas para o debate público, podem de fatoobstruir a diminuição da discriminação e da exclusão social.