Descripción:
Neste artigo discutimos a constituição da saúde como um imperativo moral e suas transformações. Analisamos as mutações do campo médico a partir do florescimento e da disseminação de biotecnologias (aí incluídos os medicamentos) para os mais diversos fins. A partir de autores como Nikolas Rose e Jeremy Green apontamos o modo como tal disseminação tem contribuído para borrar as fronteiras entre tratamento e aprimoramento/otimização de si através do corpo. Trazemos como exemplo um estudo de caso: o lançamento do medicamento Viagra para “disfunção erétil”. Discutimos como o diagnóstico “disfunção erétil”, que substitui a categoria “impotência”, tem várias vantagens sobre esta, a maior delas sendo a possibilidade de uma gradação da disfunção. Argumentamos que a definição bastante alargada de disfunção leva ao surgimento de um ideal de desempenho sem falhas, de tal modo que o deslizamento entre tratar uma disfunção e otimizar uma função torna tratamento e aprimoramento eventos indistinguíveis.