Descripción:
Este artigo analisa o resultado de atividades etnográficas que descreveu o esforço de uma típica família gaúcha de classe popular em acessar a informática na vida cotidiana e objetiva trazer uma pequena contribuição para a discussão sobre o tema da inclusão digital, focando-se no processo inicial da compra e uso do computador, bem como a complexa rede de conexões que envolve a apropriação a internet. Discuto a “inclusão digital”, tema que no início do século era uma espécie de “chave” para o desenvolvimento de comunidades de baixo poder aquisitivo. Apostava-se na ideia de que uma ampliação massiva do número de equipamentos e usuários era uma forma de promover também inclusão social. Após uma década, o resultado é que o pouco de desenvolvimento tecnológico que se vê no lugar é fruto de interações que acontecem à margem das ações e políticas governamentais, muitas vezes tensionando as fronteiras entre o legal e ilegal. A utilização desses artefatos se fez através de processos individuais, entre vizinhos articulados em circuitos de trocas, e através de redes que captam doações (equipamentos descartados) e que fomentam o desenvolvimento dessas formas de fazer local. Por outro lado, com a ausência de políticas públicas, apesar dos conhecimentos em tecnologia, a nova geração tem muita dificuldade em conseguir emprego fora da vila, pois, ainda que incluídos digitalmente, permanecem excluídos socialmente.