Descripción:
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial do etanol elaborado a partir da cana de açúcar. O sistema de produção deste combustível esteve historicamente atrelado a diferentes problemas de ordem social, político-econômica e ambiental. A partir da década de 2000, contudo, foram implementados diversos esforços institucionais –por exemplo, no tocante ao marketing, relações internacionais, regulações e marcos legais, acordos de múltiplas partes, etc.– com o objetivo de proporcionar à tal biocombustível uma imagem de sustentabilidade. Esta, por sua vez, não deixou de ser contestada por diferentes atores sociais, gerando um embate discursivo e a disputa pelo estabelecimento de regimes de verdade sobre o etanol. Este ensaio, atrelado a uma pesquisa em curso, traça alguns comentários na tentativa de compreender as condições de inteligibilidade dos discursos que constroem a imagem do etanol como um produto sustentável. O texto detém-se, particularmente, em reflexões preliminares acerca da alteridade e da influência da razão instrumental sobre a composição do nosso mundo sensível. O aporte teórico do presente ensaio tem respaldo, assim, em Foucault, Adorno, Horkheimer, Rancière e Butler.