Resumen:
Este artigo explora a constituição da Criminologia Cultural como uma matriz de perspectivas compreensivas que emerge da Criminologia Crítica, indagando quais seriam as suas possíveis contribuições para o desenvolvimento da Criminologia Crítica brasileira, bem como enfrentando os argumentos contrários a essa possível interlocução. A problematização também inclui uma discussão sobre o lugar da Criminologia Cultural no debate sobre o Norte/Sul Global e o possível diálogo com as premissas decoloniais contemporâneas, que podem enriquecer a própria Criminologia Cultural. A metodologia adotada é de uma revisão bibliográfica da literatura pertinente, que inclui a Criminologia Cultural e a literatura criminológica crítica clássica que ela incorpora, revigora e reinventa. Em conclusão, é argumentado que o estado da arte da Criminologia Cultural ilustra o quanto é importante que a Criminologia Crítica brasileira incorpore os seus subsídios no que forem pertinentes para o desenvolvimento do pensamento criminológico crítico local comprometido com a resistência engajada contra o avanço autoritário. Finalmente, no que diz respeito ao debate sobre o Norte e o Sul Global, é fundamental que as perspectivas críticas da criminologia se unam no Brasil e no mundo contra o adversário comum, representado pelas criminologias positivistas e administrativas que causaram e continuam a causar danos com sua política punitiva de assessoria e fundamentação das arbitrariedades do sistema penal no contexto contemporâneo da modernidade tardia e do capitalismo global.