Gomes Carvalho, João Felipe; Roberto Silvério, Valter; Nascimento de Melo, Carolina
Descripción:
O uso do termo marcadores sociais da diferença reinsere um debate sobre as disputas em torno da temática racial travadas pela Sociologia e Antropologia. Segundo Hofbauer (2011), tradicionalmente a Sociologia se dedicou aos debates sobre as relações raciais e a Antropologia sobre as culturas afro-brasileiras. O que se observa é que, de modo geral, as Ciências Sociais se valem do nacionalismo metodológico tanto nas interpretações quanto nas apropriações de discussões que ocorrem em movimentos transnacionais de circulação epistemológica de pensadoras negras e diaspóricas. Em termos gerais, o nacionalismo metodológico enfatiza o espaço nacional como termo privilegiado das análises. Mais que isso, tal proposta enfatiza as supostas peculiaridades do caso brasileiro (RIBEIRO, 2019). Os estudos da UNESCO realizados no Brasil nos pós 2ª Guerra Mundial exemplificam a tentativa constante das autoridades estatais e acadêmicas em demonstrarem diferenças sobre as questões raciais aqui e em outros contextos. Nos próprios estudos da UNESCO se evidenciou que, na verdade, as questões raciais do Brasil não diferiam tanto de contextos marcados por segregação e lutas anticoloniais. Todavia, o nacionalismo metodológico ao fechar as análises sociais nas fronteiras do território dificulta o entendimento dos processos diaspóricos ao mesmo tempo que possibilita uma apropriação seletiva da reflexão teórica de intelectuais da diáspora que tem contribuído sobremaneira para o entendimento do racismo contemporâneo. O artigo ao focar nas várias leituras do evento do fogo na estátua do Borga Gato em São Paulo no Brasil, a partir das similaridades do tipo de ato em várias cidades de outros Estados nacionais, reconhece a emergência de um movimento de contestação transnacional em torno dos significados da presença de estátuas e monumentos de escravizadores e colonizadores no espaço público.