O presente estudo teve por objetivo mais amplo problematizar o papel das
organizações sociais na formulação e implementação de políticas públicas
direcionadas aos segmentos juvenis das periferias urbanas. Mais
especificamente investigou-se, desde a relação Estado-Sociedade Civil, o
papel mediador das organizações sociais na configuração dessas políticas.
Tomamos como referência as categorias Esfera Pública, Movimentos Sociais e
Sociedade Civil, tendo em vista extrair um caminho analítico de compreensão
da configuração das novas relações que se estabelecem entre a sociedade civil
e o Estado. A intenção era delinear como as gestões do Governo Fernando
Henrique e do Governo Lula apreenderam e delimitaram o papel das
organizações sociais. Nosso objeto de estudo foi a organização social
Observatório de Favelas e o programa Redes de Valorização da Vida. Os
dados foram construídos através de análise documental e entrevistas com os
gestores e formadores que atuaram nesse programa na comunidade do Coque
localizada no município do Recife. As análises revelaram as tensões geradas
em torno da ideia de replicação de determinadas experiências sociais e
educativas, com a finalidade de produzir princípios e metodologias de ação
passíveis de serem universalizadas pelos aparelhos governamentais.
Revelaram ainda que, apesar das tensões geradas, o programa possibilitou
certo impacto na vida dos jovens, na medida em que durante o seu
desenvolvimento se iniciou um processo de ressignificação da própria
experiência. Finalmente, nossos dados evidenciaram a necessidade de se
pensar com mais cuidado a dimensão do tempo desses programas, bem como
a dimensão do vínculo entre os formadores e os sujeitos que participam destas
ações, visto que estas parecem ser condições essenciais para o alcance
político e pedagógico dessas iniciativas
Faculdade de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco