Esta pesquisa propõe-se a estudar a dinâmica formativa da Rede Coque Vive . Trata-se de uma
rede social constituída por duas organizações sociais (o NEIMFA e o MABI) e um grupo
extensionista da Universidade Federal de Pernambuco. A investigação questionou de que forma
os atores da Rede lidam com os desafios da formação dos jovens em um contexto de
estigmatização social. O estudo insere-se, portanto, na perspectiva de trabalhos que tratam da
problemática da juventude desde as formas de articulação e intervenção da sociedade civil. Mais
especificamente, procuramos apreender como o tema da educação e das políticas de juventude
vêm sendo apreendidos pelas redes organizativas da sociedade civil, diferentemente das
pesquisas que abordam essas políticas pela ótica do Estado. A ideia mais geral consistiu em
refletir sobre os desafios inerentes ao governo das juventudes desde a ótica das redes sociais,
tendo em vista sua importância na criação de esferas públicas locais dotadas de autonomia
política e geradora de novas formas de solidariedade. O paradigma de redes sociais foi tomado
como fundamento na medida em que evidencia uma visão contextual na qual o outro é
apreendido fora das cenas de violência que temos presenciado nos últimos tempos. A pesquisa
considerou a experiência social dos sujeitos envolvidos na Rede Coque Vive , gestores e
formadores, verificando a partir das suas relações de vinculação como foram construídas
respostas concretas para o enfrentamento dos problemas juvenis nas comunidades periféricas do
Recife. Do ponto de vista metodológico, o estudo utilizou a Metodologia de Análise das Redes
Sociais (MARES). Nesse sentido, tenta apontar a urgência de se buscar a realização de políticas
públicas emergidas da coletividade, com ênfase numa vida mais solidária diante do capitalismo
atual. O discurso dos gestores e formadores da Rede Coque Vive apresentou um conjunto de
categorias que, no conjunto, sinaliza uma nova cartografia para repensar as relações políticas e
pedagógicas, explicitando, por essa via, outras possibilidades de relação geradoras de saberes e
práticas educativas junto aos segmentos juvenis. Com isso, indica-se um processo de mudança
social que se manifesta no âmbito micropolítico, em que as hierarquias entre os sujeitos são
diluídas e se travam relações de pertencimento que permitem criar novas formas de vida diferente
daquelas impostas pelos modelos hegemônicos. A análise da Rede Coque Vive evidencia, sem
dúvidas, uma governamentalidade pedagógica sui generis: a educomunicação como formação
humana. A educação e a comunicação social, pensadas no registro da ética e do cuidado de si,
apreendidas como uma disposição de manter ou modificar a si mesmo enquanto sujeito de suas
próprias ações e realizações. Desse modo, os atores da Rede nos mostram que é possível
encontrar na cultura das periferias processos alternativos de formação do sujeito humano
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior