The readers of Camilo Castelo Branco (1825-1890) are familiar with descriptions of “brasileiros de torna-viagem” (emigrants who returned from Brazil) predominantly based on unflattering motives. However appropriate it may seem from the point of view of the Portuguese author, this type of description has two problems. On the one hand, it neglects the complexity of the phenomenon of emigration and the importance that many of these emigrants had in the economic and cultural development of their hometowns. On the other hand, it disregards that the novelist’s own literary career can be described as a story of emancipation, combined with strategies for building local solidarity. By addressing these problems, this essay argues that the “Brazil” that we need to face times of crisis, for being everywhere, can realistically be in our own São Miguel de Seide.
Os leitores de Camilo Castelo Branco (1825-1890) estão familiarizados com descrições de “brasileiros de torna-viagem” predominantemente baseadas em motivos pouco lisonjeiros. Por muito adequado que possa parecer aos olhos do autor português, esse tipo de descrição tem dois problemas. Primeiro, negligencia a complexidade do fenómeno emigratório e a importância que muitos desses brasileiros tiveram no desenvolvimento económico e cultural das povoações de que eram naturais. Segundo, desconsidera que a própria carreira literária de Camilo pode ser descrita como uma narrativa de emancipação, combinada com estratégias para promover solidariedades locais. Abordando estes problemas, este ensaio argumenta que o “Brasil” de que precisamos para enfrentar os tempos de crise, por estar em toda a parte, pode realisticamente estar na nossa própria São Miguel de Seide.