Descripción:
"Embora Alagoas ocupe a posição de estado mais violento do Brasil desde 2006, poucos esforços têm sido empreendidos para explicar e compreender a constituição desta realidade. A explosão dos percentuais de violência homicida registrados em Alagoas na última década tem sido, com frequência, associada, ora à ideia de um resíduo histórico da violência "fundante" da província no século XIX, ora à ideia de uma cultura da violência que distinguiria, sobremaneira, o alagoano. Acreditamos que estes argumentos perdem de vista a particularidade do problema, pois enfatizam explicações estruturalistas que, ao longo do tempo, pouco contribuíram para a formação de componentes cog-nitivos que fomentassem a concepção e a implementação de planos ou programas de segurança no estado. Recorremos aqui aos conceitos de acumulação social da violência e sujeição criminal, de modo a reafirmar a constituição de uma interpretação menos historicista e mais sociológica do referido fenômeno. Argumentamos, ainda, que, no caso alagoano, este processo tem disseminado - talvez como em nenhum outro lugar do Brasil - a produção de um discurso que negligencia, nos planos sim-bólico e prático das relações de Estado, o desenvolvimento de políticas públicas de segurança preventivas ou compensatórias."