Descripción:
Este trabalho discute as concepções de Arte e de ensino de Arte de
professoras do Ensino Fundamental I da Rede Municipal da Prefeitura da
Cidade do Recife, propondo compreender sua prática frente à obrigatoriedade
do ensino de Arte na Educação Básica, assegurada pela Lei nº 9.394/96, da
LDB. A revisão bibliográfica sobre a temática discute o percurso histórico
ocidental dos conceitos de Arte, indicando elementos para a compreensão dos
paradigmas atuais sobre o seu ensino. A pesquisa foi de abordagem
fenomenológica, adotada por sua possibilidade de aproximação às professoras
como uma busca compartilhada do sentido de seu sistema de significados. O
aporte metodológico foi a Análise de Discurso AD, com base na linha teórica
de Eni Orlandi, tendo como foco os discursos dito e não-dito das professoras,
apreendidos através de observação de sua prática e de entrevistas
semiestruturadas. Denominando seu discurso como pedagógico, analisamos
ainda o interdiscurso, concebido como a articulação desse discurso com o
institucional, o qual corresponde aos textos de base legal: LDB, PCNs,
proposta pedagógica da PCR. Verificamos, como base de sustentação do
discurso pedagógico: o ideário canônico; o ideário de beleza clássica; a livre
expressão, como sinônimo de liberdade. As professoras expressaram, como
dificuldades para o ensino de Arte, a carência de formação adequada e de
habilidade para trabalhar com Arte, o que denominamos de distância entre a
proposição instituída e sua operacionalização. Mesmo reconhecendo suas
limitações, quanto à sua formação e condições de trabalho, mostram-sedispostas a discutir, com pesquisadores e definidores de políticas públicas,
suas dúvidas, necessidades e dificuldades, e assim, abertas às possibilidades
de superá-las. Inferimos que as questões aqui discutidas vêm contribuir para a
reflexão sobre a importância do ensino de Arte no currículo, considerando,
sobretudo, que se trata de uma linguagem, que atribuindo sentido ao seu
objeto de conhecimento, sua construção e/ou produção, comunica e expressa
saberes culturais e estéticos, sendo, portanto, merecedora de eqüidade em
relação às demais áreas