O presente trabalho consiste em um estudo sobre o culto da Jurema em uma área
localizada entre o Litoral Sul da Paraíba e a Zona da Mata Norte de Pernambuco. A área
em questão é marcada pelos antigos aldeamentos administrados pelos colégios jesuíticos
de Recife e Olinda, compondo parte do que o jesuíta Serafim Leite, baseado em um
mapa de 1610, denominou de linha interna . Tomando a construção da espacialidade
como ferramenta heurística para pensar a presença da Jurema na referida área, a
pesquisa, em um primeiro momento, reflete sobre sua ocupação, a partir da criação dos
aldeamentos, até o seu final, com a assimilação dos índios entre os homens livres pobres
da região. Em um segundo momento, a pesquisa procura compreender como a Jurema
praticada nos limites dessa espacialidade se configura na contemporaneidade, marcada
pela transitividade e fluidez das práticas religiosas. Nesse novo contexto, o culto
mostra-se influenciado pelo modelo de culto aos orixás, sendo praticado quase que
exclusivamente nas casas denominadas por seus protagonistas de Umbanda. O trabalho
de campo foi desenvolvido em cinco cidades, surgidas a partir dos referidos
aldeamentos. A pesquisa mostra a complexidade do culto, em um campo religioso
marcado por rupturas e continuidades com o legado dos antigos mestres juremeiros e
pela disputa, entre os sacerdotes, pelo monopólio na gestão dos bens religiosos. O
objetivo central do trabalho é compreender esse legado no contexto da Umbanda,
praticada na área acima mencionada, onde, passados mais de quatro séculos do início da
sua ocupação, a Jurema permanece como um dos elementos centrais no cenário
religioso
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