Descripción:
A organização das instituições médicas e umbandistas no Brasil, acompanhou transformações sociais simultâneas a estruturação do Estado Nacional brasileiro, incipiente no século XIX.
Na era Vargas, apesar da intensa repressão policial aos sistemas religiosos-terapeuticos populares, surgiram as primeiras federações de Umbanda, "embranquecedoras" dos cultos afro-brasileiros, e ao mesmo tempo, propiciadoras de que a nova religião resgatasse heterogêneos saberes e práticas de cura popular.
Associado a uma analise histórica dos discursos de tais instituições, foi realizada uma pesquisa de campo, no presente trabalho, onde ocorreram uma observação sistemática e entrevistas semi-diretivas com os agentes médicos e umbandistas da Uila de Ouro Preto, em Olinda. Nesta comunidade urbana, moderno-conteporânea, a Umbanda apareceu como uma religião cujas reelaborações internas evitaram a desagregação de elementos terapêuticos tradicionais.
Por sua vez, a instituição médica, naquela vila, congruente com a Reforma Sanitaria do município, efetivada de 1982, apresentou uma continuidade no seu papel social de controle, através de uma avançada proposta de educação sanitária.
Assim, tanto a analise histórica dos discursos, quanto análise de conteúdo das respectivas falas médicas e umbandistas na vila, procuraram interpretar a mediação simbólica, como estratégia de hegemonia e contra-hegemonia, entre relação de dominação de classes e mecanismos de persuasão, resistência e adaptação sócio-cultural.