Descripción:
Muitos estudos sobre artesanato contemplam a importância econômica das produções
artesanais. De fato é inegável o potencial econômico que esta atividade desempenha na vida de
muitas pessoas, mas a atividade artesanal não pode ser compreendida apenas por esta óptica. A
ânsia pelo aumento na comercialização do artesanato faz com que órgãos públicos e ou privados
intervenham em núcleos artesanais, incentivando a feitura de novos modelos. Neste trabalho
procurou-se investigar quais as mudanças sociais e simbólicas ocorridas na localidade do Tope, a
partir da implantação de um galpão de artesanato. O Tope, em Viçosa do Ceará, é um antigo
núcleo artesanal, conhecido na região pela produção de louça de barro. Há aproximadamente oito
anos, o Tope recebeu a implantação de um galpão de artesanato. Nesse local, as artesãs recebem
cursos e oficinas sob a orientação da Central de Artesanato do Ceará, um dos principais órgãos
responsáveis pela política voltada ao setor no Estado.
Por meio de uma metodologia pautada na observação participante, entrevistas semi-estruturadas,
fotografias e filmagens, foram visitados técnicos que participaram direta ou indiretamente da
instalação do galpão, bem como as artesãs que trabalham no lugar, e as que não tem relação com
o galpão e praticam o ofício em casa. Dentre os resultados, observa-se nítida mudança das formas
e modelos dos objetos produzidos no galpão, se comparados ao que era produzido há tempos
atrás, e ao que ainda é feito por artesãs que trabalham em casa. O galpão, entretanto, não é o
único responsável pelas mudanças, pois as transformações e a introdução de novos modelos
sempre estiveram presentes na comunidade. Apesar da existência do galpão, persiste a
dificuldade das artesãs em comercializar seus produtos para outros segmentos que não a Central
de Artesanato do Ceará.
Em suma, observo que se faz necessária uma política que conceba o artesanato para além dos
seus fins comerciais, levando em consideração suas instâncias culturais e o contexto de vida das
artesãs