Esta tese é fruto de uma pesquisa feita entre 2004 e 2008, na cidade de Recife,
Pernambuco, Brasil. Tomando um recorte do curso da vida, o da transição da
juventude à adultez, busca-se trazer algumas questões que contribuam para uma
Antropologia das Idades da Vida. Uma primeira questão é a de que se as idades são
relacionais, como é as sumido teoricamente, este aspecto está presente no trabalho
de campo e precisa ser trabalhado metodologicamente. Assim, a pesquisa não deixa
de revelar de que forma a condição etária da autora esteve presente tanto no
trabalho de campo, como nas leituras feitas dos dados e da bibliografia relativa ao
tema. A partir das entrevistas feitas com jovens com experiências diversas caminho
à assunção da adultez e com seus pais, foi possível perceber que a idade assume
diversos significados, extrapolando o sentido de fase ou estágio do curso da vida
que um olhar cronologizador poderia tentar imprimir. Também os sentidos dados à
juventude, à adultez e à vida são diversos e mudam conforme os sujeitos se
deslocam em seu curso. A tentativa de entendimento da transição à adultez, desta
forma, acaba por ser direcionada não apenas através de eventos como a saída da
casa dos pais, o casamento ou a inserção profissional (que tanto têm sentidos
diferentes para os indivíduos , como lhes colocam dilemas de ordem muito diversa),
mas também pelas expectativas dos sujeitos quanto a suas trajetórias e a sua própria
visão sobre elas. Ao invés de se fazer classificações destas experiências, optou-se
por privilegiar as narrativas a seu respeito, t razendo a riqueza colocada pela
diversidade. Algumas noções comumente articuladas nos estudos sobre a juventude
e a adultez, como responsabilidade e maturidade, foram pensadas a partir do que os
interlocutores/as entendiam sobre elas o que lhes revelou várias dimensões, como
a idéia de que responsabilidade é algo que se tem a vida inteira, ou que a
maturidade é diferente da adultez, por ser aquilo que se aprende a partir das
experiências. Quanto à noção de transição, embora pareça pertinente para se pensar
o momento crucial da vida dos/as jovens entrevistados, que se sentem em crise ou
numa encruzilhada , percebeu-se que a vida inteira é percebida como uma
transição, na qual a mudança e os novos desafios não são privilégio de nenhuma
idade
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior