No município de Crateús, a partir da década de 1990, iniciou-se um processo de
mobilização social e política que resultou na constituição dos grupos Kalabaça, Kariri,
Potiguara, Tabajara e Tupinambá. Desencadeada pela ação da Pastoral Raízes Indígenas da
Diocese de Crateús, a referida mobilização foi empreendida por moradores da zona urbana
da cidade. Esta tese tem como objetivo analisar a etnicidade dos que compõem estas
coletividades, considerando as implicações do contexto urbano nesta construção. Para
atingir a finalidade deste estudo antropológico, relacionamos etnicidade, etnologia
indígena e antropologia urbana. Por meio do relato etnográfico, que integra texto e
imagem, é evidenciado o processo de urbanização da cidade, mostrando como ela se
tornou um pólo distribuidor de bens e serviços no Centro-oeste do Ceará. Privilegiando a
visão dos indígenas, é examinado como eles vivem, a percepção que eles têm da cidade e
do ser indígena neste espaço. Através da abordagem das trajetórias dos núcleos familiares
que compõem as coletividades estudadas é apresentado como se constituiu os grupos
étnicos, a influência dos agentes externos, a lógica da adoção dos etnônimos e os múltiplos
contextos de edificação da identidade étnica. A política indígena e as relações interétnicas
são contempladas, evidenciando as disputas, o protagonismo dos sujeitos envolvidos e o
processo de institucionalização da etnicidade. Por fim, são apreciados os impasses que se
apresentaram para o reconhecimento da indianidade e o acesso aos direitos indígenas,
devido à localização no contexto urbano, revelando como se constituiu a categoria terra de
origem e os processos de territorialização empreendidos visando à saída da cidade
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior