Descripción:
Entender as formas de articulação entre atores sociais no processo de identificação e
reconhecimento de comunidades quilombolas, bem como relacionar este processo com a
aplicação de políticas públicas em uma comunidade negra rural de Pernambuco, compreende
o principal foco analítico deste trabalho. A partir deste objetivo, será aqui apresentado um
estudo reflexivo sobre a perspectiva conceitual das categorias de camponês e agricultor
familiar, trabalhadas pela sociologia rural, na sua relação com o conceito antropológico de
comunidade quilombola. Buscarei identificar como estes conceitos e categorias estão sendo
incorporados pelas atuais políticas de desenvolvimento rural no país, e quais as conseqüências
oriundas da implementação destas políticas para com o grupo étnico em questão. Neste
sentido, foi possível identificar que muitas famílias de agricultores quilombolas passam a
assumir estrategicamente identidades diferenciadas para conseguir acessar determinadas
políticas governamentais, em um contexto no qual o debate conceitual que permeia a
definição de camponês e agricultor familiar demonstra ser travado num forte campo de
disputas ideológicas. Transportando esta discussão para o campo prático das relações
pesquisadas, defende-se o pressuposto de que a conquista de direitos, na forma de políticas
públicas, não é determinada somente pela legitimidade da identidade étnica do grupo, mas sim
pelo nível de atuação e articulação que as lideranças e agricultores quilombolas adotam perante a
própria política governamental