Descripción:
Este artigo faz parte de um estudo mais amplo que buscou analisar a trajetória de usuários de crack residentes de uma comunidade terapêutica do Recife, utilizando, para tanto, como chave interpretativa, o conceito de exclusão social. Deste contexto geral, ele dará conta especificamente da forma como a exclusão se apresentou no âmbito das vinculações e relações interpessoais dos entrevistados. Para os mesmos, os papéis sociais associados à família são reforçados na expectativa e, muitas vezes, frustrados na prática, de modo que o desprezo e a desconfiança por parte dos entes queridos foram constantes. Mas se houve abandono, houve também construção, redes outras de relações, que, no entanto, foram se desfazendo até desaparecerem no quase autoisolamento. Em resumo, as trajetórias de rupturas e de exclusão social apresentadas foram inicialmente provocadas e estimuladas por agentes externos, sendo, no fim, desejada por um indivíduo que não mais suportava a rejeição e a dureza de um padrão do qual ele mesmo se percebia “fora”.