Descripción:
De que modo a profunda crise sócio-reprodutiva da pandemia de COVID-19 impactou as estratégias sindicais em cada contexto político-institucional? Neste trabalho, contribuímos a essa questão analisando as estratégias de coalizão entre sindicatos de saúde e movimentos sociais na cidade de São Paulo, mediante sete entrevistas semi-dirigidas realizadas com dirigentes do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) e lideranças de movimentos populares de saúde (atuantes também em conselhos gestores). Em São Paulo, os impactos da pandemia devem ser entendidos em conexão com uma gestão municipal (2017-2020) pouco permeável à sociedade civil e com políticas de precarização do sistema de saúde, incluindo desvalorização dos servidores públicos e terceirização das unidades de saúde (com efeitos não apenas sobre a qualidade dos serviços, mas também sobre a organização sindical). Em reação a esse contexto, sindicatos e movimentos sociais de saúde já vinham recorrendo a campanhas em coalizão antes mesmo da pandemia e, com o advento desta, buscaram mobilizar a comoção social e obtiveram êxito a nível local, apesar de importantes derrotas a nível do município. As campanhas analisadas apresentam distintos graus de “profundidade” e resultados, mas entre seus elementos importantes incluem-se, em geral: a realização de pequenos protestos e “atos relâmpago”; a combinação de comunicação através de redes sociais com a busca por chamar a atenção de veículos de imprensa; o apoio de parlamentares e de outros movimentos sociais dos bairros (em alguns casos mesmo de associações sem grande trajetória reivindicativa prévia); e apelos ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Município.