O presente artigo é uma leitura de textos de Judith Butler. Tece uma compreensão construída, principalmente, em torno do conceito subjetivação. Esse conceito foi um dos sustentáculos de uma tese que estudava as posições subjetivas que mulheres assumiam quando exerciam carreiras historicamente denominadas masculinas. A fim de erguer a tese, os livros da filósofa americana eram peças com quem o diálogo era constante. Entre eles, um se destacou para mim: Mecanismos psíquicos do poder, sobre o qual ancorei este artigo. A leitura não foi nada fácil dada a intensa interlocução feita com a filosofia – especialmente com Hegel, Nietzsche e Althusser – e com a psicanálise – especialmente com Freud e Lacan. Além disso, como, no Nordeste brasileiro, as análises e os debates quase sempre eram sobre Problemas de gênero, as compreensões sobre Mecanismos eram muito solitárias. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar como foram meus primeiros contatos com os estudos de Judith Butler, como assimilei os conceitos de gênero, performance, assujeitamento, e como fui empregando-os numa pesquisa que tratava de mulheres técnicas em cursos da área de informática e da área de indústria.