Red de Bibliotecas Virtuales de Ciencias Sociales en
América Latina y el Caribe

logo CLACSO

Por favor, use este identificador para citar o enlazar este ítem: https://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/167354
Título : Parir é libertário : etnografia em um grupo de apoio ao parto humanizado de Recife/PE
Autor : QUADROS, Marion Teodósio de
http://lattes.cnpq.br/0834733905214867
http://lattes.cnpq.br/2397198431456002
Palabras clave : Parto. Humanização. Continuum. Poder. Subjetivação.;Labor. Humanization. Continuum. Power. Subjectivation
Editorial : Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Descripción : Este trabalho versa sobre as experiências de parto de mulheres que participaram de um grupo de discussão pela humanização do parto e do nascimento em Recife/PE, tendo como objetivo compreender como o parto é vivenciado e significado por estas mulheres para que seja classificado como evento transformador. Nele argumento que as mulheres que escolhem um parto humanizado experienciam-no como estratégia de poder e alternativa para subverter as hierarquias presentes nas relações de gênero e outras, de modo a reafirmar suas autonomias, buscar o autoconhecimento e exercitar o cuidado de si. O parto seria vivido como possibilidade de subjetivação e prática de liberdade. Como estratégias de investigação, utilizei o método etnográfico, com ênfase para as técnicas de observação participante em um grupo presencial e na sua versão virtual e a realização de entrevistas com algumas mulheres que frequentaram o grupo durante o período da minha inserção no campo. Privilegiei a análise do discurso como forma de leitura das informações construídas. Minhas interlocutoras parecem operar, em relação ao parto, a partir de continuidades, de elementos que dialogam e têm liminaridades movediças. A participação no grupo, além do papel informativo, é um importante apoio afetivo-emocional, que acolhe e fortalece a decisão das mulheres. Assim, a humanização do parto pode direcioná-las para que assumam o domínio sobre o próprio corpo e o processo de gestar e parir, quando é exercitada a elaboração de um conhecimento de si e de seus corpos. A escolha pelo parto humanizado salta como estratégia de poder, como alternativa para o exercício da autonomia, para escapar de formas de dominação que são praticamente imperceptíveis, mas que constrangem, culpabilizam, classificam e criam hierarquias. Daí algumas mulheres comentarem que parir é libertário. No entanto, independente de como o parto realmente ocorreu, o que parece importar é o questionamento, a posição ativa, o não dobrar-se ao que está posto. Ou seja, o que parece ser transformador é justamente a reflexão, a busca, o exercício de si sobre si mesmo, o cuidado de si. Entre elas, natureza parece ser compreendida como muito além do que o pensamento ocidental está habituado. O uso do termo comporta uma sensação de conexão com o cosmos, com algo maior, em um processo que é, a um só tempo, de transcendência e imanência, na medida em que essa sensação brota do corpo e a ele retorna. Assim, racional e irracional, espiritual e material, controle e descontrole, dor e satisfação, risco e segurança, e outros, assumem composições fluidas e harmônicas que expressam uma continuidade, na qual a experiência de parto se dá e convoca as mulheres à percepção de si como parte da natureza, como iguais a qualquer espécie e como portadoras do divino em si. Isto engendra a produção de subjetividades e a crença em uma mudança social expressa pelo reposicionamento da mulher na sociedade, pelo questionamento do poder de categorias técnicas-profissionais e pela possibilidade de construção de outros saberes e verdades sobre si, sobre o parto, sobre a mulher, sobre a maternidade e além.
CNPQ
This work reflects on birth experiences of women participating in a group discussion for the humanization of child labor and birth in Recife / PE, aiming to understand how childbirth is experienced and its meaning for these women to be classified as a transforming event. In it I argue that women who choose a humanized childbirth experience it as a strategy of power and alternative to subvert hierarchies present in gender relations and other, in order to reaffirm their autonomy, to seek selfknowledge and exercise care of oneself. The birth would be lived as a possibility for subjectivity and practice of freedom. As research strategies, I used the ethnographic method, with emphasis on participant observation techniques in a present group and its virtual version, and conducting interviews with some women who attended the group during the period of my insertion in the field. I privileged discourse analysis as a way of reading the built information. My interlocutors seem to operate, in relation to labor, from continuities, from elements that dialogue and have shifting liminality. Participation in the group, besides the informative role, is an important affective and emotional support. It receives and strengthens the decision of women. Thus, the humanization of childbirth can direct them to take over their own body and the process of gestation and giving birth, when they exercise the development of knowledge of themselves and their bodies. The choice of humanized birth is a power strategy as an alternative for the exercise of autonomy, to escape forms of domination that are almost imperceptible, but that embarrass, blame, classify and create hierarchies. Hence some women comment that giving birth is libertarian. However, regardless of how the birth actually occurred, what seems to matter is the questioning, the active position, to not bend to what is set before oneself. In other words, what seems to transform is precisely the reflection, the search, the exercise of oneself about oneself, taking care of oneself. Among them, nature seems to be understood as beyond what the Western thought is accustomed to. The use of the term carries a sense of connection to the cosmos, to something greater, in a process that is, at once, of transcendence and immanence, to the extent that this feeling flows from the body and returns to it. Thus, rational and irrational, spiritual and material, control and lack of control, pain and satisfaction, risk and safety, and others, they assume fluid and harmonic compositions that express a continuity, in which the birth experience takes place and summons women to the perception of themselves as part of nature, as equal to any species and as one that brings the divine within themselves. This engenders the production of subjectivities and the belief in social change expressed by women's repositioning in society, by questioning the power of technical-professional categories and the possibility of building other knowledge and truths about themselves, about childbirth, about women, about motherhood and beyond.
URI : http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/167354
Otros identificadores : https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18596
Aparece en las colecciones: Programa de Pós Graduação em Antropologia - PPGA/UFPE - Cosecha

Ficheros en este ítem:
No hay ficheros asociados a este ítem.


Los ítems de DSpace están protegidos por copyright, con todos los derechos reservados, a menos que se indique lo contrario.